As Implicações Éticas
Por Karla Bernardo Montenegro
Usar embriões congelados excedentes de tratamentos de fertilização ou obter células-tronco a partir de clonagem terapêutica são duas soluções que a Biologia e a Medicina estão propondo para tentar chegar mais perto da cura de várias doenças.Ao mesmo tempo, que gera esperança provoca também importantes questionamentos éticos, identificados pelos especialistas na área da Bioética. Quando são relatados os aspectos morais da manipulação do material biológico humano, várias perguntas ficam sem resposta: É moralmente válido produzir e utilizar embriões humanos para separar as suas células-tronco? A esperança das pessoas, traduzida na criação constante de novas terapêuticas está acima da vida dos embriões que terão que ser produzidos para gerar as células-tronco? Nos países onde é permitida a clonagem terapêutica haverá a comercialização do tecido produzido em laboratório através do envio deste material para países onde a técnica é proibida?
As pessoas precisam deixar de ter medo das palavras. Quem fala, por exemplo, que é contra a clonagem reprodutiva mas é a favor da clonagem terapêutica está equivocado, já que nos dois casos se trata de clonagem, mesmo que a finalidade de cada uma seja diferente.
Marlene Braz
Na opinião da médica psicanalista, pesquisadora em Bioética da Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz e Diretora Executiva da Sociedade de Bioética do Estado do Rio de Janeiro - SB Rio, Prof. Dra. Marlene Braz, é importante ouvir tanto as argumentações ditas "conservadoras" quanto às denominadas "progressistas" para formar uma opinião sobre o que é certo e o que é errado na queda de braço entre os que se posicionam a favor e contra o uso de células tronco embrionárias.
Para Marlene Braz, "As pessoas precisam deixar de ter medo das palavras. Quem fala, por exemplo, que é contra a clonagem reprodutiva mas é a favor da clonagem terapêutica está equivocado, já que nos dois casos se trata de um mesmo procedimento - a clonagem. O termo "Clonagem terapêutica" é um eufemismo para os que não querem falar a palavra "clonagem".
No que se refere a obtenção de células-tronco a partir de embriões congelados, Marlene chama a atenção para o grau do simbolismo existente nos embriões congelados dentro dos cilindros nas clínicas de reprodução assistida. "Muitos casais já consideram estes embriões como filhos que podem existir a qualquer momento". "Alguns outros os vêem como material biológico", afirma.
-Pela possibilidade de se estabelecer uma relação com o seu "embrião", o casal passa a viver um problema ético.O que fazer com os embriões se não planejamos ter mais filhos? É nesta hora que alguns defendem uma espécie de "ética da solidariedade", isto é, em nome do bem da sociedade seria oferecida, ao casal, a possibilidade de doar os embriões para a pesquisa. Será que o casal tem informação suficiente para decidir o destino daquele material? O embrião que a princípio foi produzido para gerar vida pode virar um órgão e isto seria diferente da clonagem reprodutiva? É preciso que o casal tenha total entendimento desta situação- explica Marlene Braz.
Os que estão na outra ponta deste processo, aguardando na fila de doação de órgãos, também precisam saber dos riscos. "Com o uso das células-tronco embrionárias doadas o paciente não está livre do fantasma da rejeição. Para não correr este risco as células-tronco deveriam ser retiradas de embriões clonados a partir do DNA do próprio paciente", lembra.
Quando perguntada a respeito da pertinência da discussão sobre qual é o início da vida, com a finalidade de saber se o embrião congelado teria o status de ser humano, Marlene reflete: "Sem dúvida o embrião é um ser vivo. Não é ainda pessoa, mas já é vivo", opina, ressaltando que "apesar desta discussão ser importante, não devemos esquecer aspectos também relevantes, como a ameaça do mercado de órgãos, os riscos de rejeição, entre outros".
Quando a Bioética olha para a questão da Clonagem Terapêutica, os obstáculos éticos se multiplicam. "No caso da clonagem, os embriões são produzidos já com o objetivo específico de gerar células-tronco e a partir delas, tecidos e órgãos. Em vez de reproduzir por inteiro uma pessoa, um clone ou gêmeo tardio, se cria um pedaço dele. Se todos os países baniram a clonagem reprodutiva porque não banir a dita clonagem "terapêutica", que na realidade também não passa de reprodução, só que de pedaços do corpo? É moralmente relevante distinguir duas espécies de clonagem, se na realidade elas objetiva a mesma coisa, isto é reproduzir?",indaga a médica.
Outro conflito ético diz respeito às mulheres. A clonagem terapêutica prevê a doação de óvulos para a produção de embriões. "Submeter a mulher a técnicas invasivas para a obtenção de vários óvulos por ciclo não é um procedimento ético, afirma Marlene Braz, lembrando que para o feito da Coréia do Sul (obtenção de células-tronco embrionárias a partir de um embrião clonado com a finalidade terapêutica) foi preciso utilizar dezesseis mulheres que geraram 242 óvulos. Deste material foram desenvolvidos apenas trinta embriões e apenas uma linhagem de células-tronco de cartilagem , músculo e ossos." Também neste estudo, mostrou-se inviável produzir um embrião clonado a partir de DNA de outras mulheres que não a própria doadora do óvulo, assim como de material genético de células masculinas, o que restringe bastante sua utilização. No caso só a partenogênese daria resultado (óvulo de uma mulher enucleado com a colocação, em seguida do seu próprio DNA) e somente a própria doadora do óvulo poderia ser beneficiada.
Marlene .fez referência também a um artigo publicado em fevereiro deste ano no jornal americano New York Times no qual especialistas apontam sérias dificuldades para se conseguir clones humanos livres de aberrações genéticas. "Quando da concepção, na fase da meiose, o material genético do óvulo é unido com o do espermatozóide, se unem os 23 cromossomos da mãe com os 23 do pai para formar os 46. No momento desta junção o organismo faz um reparo do DNA, corrigindo possíveis erros e mutações o que, se não for feito, gera mal formações.Com o clone, este estágio é pulado e podem surgir muitos defeitos genéticos e este é um dos problemas técnicos mais difíceis de serem sanados", explica.
-Existe, também, uma diferença moral entre os dois métodos: No caso do embrião congelado ele foi criado com a intenção de ser fertilizado. Já no caso do clone ele foi gerado para ser destruído, mesmo com o argumento que a intenção, neste caso, seria salvar vidas, avalia. Será moralmente aceitável salvar vidas tirando outras?, avalia.
Segundo Marlene, para acabar com os conflitos éticos o ideal seria o incentivo total para as pesquisas envolvendo células-tronco adultas já que recentes resultados apontam para descobertas promissoras nesta área."O pesquisador Antônio Carlos Campos,do departamento de Biofísica da UFRJ citou em um artigo uma recente pesquisa com células-tronco neuronais que teriam capacidade de diferenciação generalizada.", afirma. "Os resultados da pesquisa com células-tronco adultas têm sido muito promissores e isto seria o fim dos problemas relativos à incompatibilidade e rejeição, além de não suscitar questões éticas e religiosas", conclui.
MOVITAE lança protesto contra atuação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP)
Pesquisas com células-tronco em humanos
Pesquisas com células-tronco em humanos
O que fazer quando não é permitido tentar um novo tratamento?
Morreu há alguns dias o poeta italiano Piergiorgio Welby, ele era ligado à Associação Luca Coscioni, entidade parceira da Movitae, organização brasileira que apóia e promove esclarecimentos sobre as pesquisas com células-tronco.
Luca Coscioni também se foi no início de 2006, não devido à distrofia muscular progressiva, como Welby, mas pela esclerose lateral amiotrófica, que é tambem uma doença neuromuscular, doença que ceifou seus movimentos mas não sua garra. Luca perdera a voz e assim como Welby só movia os olhos, mas por meio de um sintetizador vocal, discursava em favor da liberdade de pesquisa com células-tronco, ainda inexistente na Itália. Pude ouvi-lo discursar lindamente no Congresso pela Liberdade da Pesquisa Científica, realizado em Roma, promovido pela associação que leva seu nome.
Vendo jovens como Luca, acometidos por doenças degenerativas (Luca faleceu em fevereiro de 2006, aos 38 anos), valorizamos cada gesto concedido por termos saúde, cada palavra, cada vez que se respira sem auxílio, e cada passo da ciência em favor da vida com qualidade.
Por isso dia 02 de março de 2005 foi um dia histórico; durante meses, anos, inúmeras pessoas lutaram para que fossem aprovadas no Brasil as pesquisas com células-tronco embrionárias. E elas foram. Por meio da Lei de Biossegurança, desde meados de 2005 esses estudos são permitidos. Acredita-se que tais experimentos, que ainda estão em fase laboratorial, ou seja, em pesquisa básica, poderão trazer respostas e derivar em novos (futuros) tratamentos às mais diversas patologias.
Nosso dever é incentivar o trabalho desses pesquisadores e fazer com que tenham as ferramentas necessárias para fazê-lo. De todo modo existem estudos que já estavam sendo feitos, que não estão diretamente atrelados à Lei de Biossegurança, são as pesquisas com células-tronco adultas, oriundas por exemplo da medula óssea.
Distantes de um compromisso ético e aproveitando a onda de notícias sobre as possibilidades das células-tronco, charlatões atuavam e lucravam comercializando (e aplicando) um pozinho, que de acordo com eles, eram células liofilizadas.
Poucos dias depois da morte do ex-maratonista italiano, Luca Coscioni, foi ao ar no Jornal Nacional a reportagem denunciando a quadrilha que dizia aplicar o tal pozinho, as tais células-tronco liofilizadas, esses médicos cobravam por algo que não funciona, nem sequer é aceito pela comunidade médica, a ganância desta quadrilha somada ao desespero de pacientes foi o que bastou para encherem os bolsos de dinheiro.
Aqui em São Paulo o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) suspendeu preventivamente a licença médica, mas o Conselho Federal de Medicina entendeu que um desses médicos pode continuar exercendo a medicina, mesmo depois de ter tido suas duas clínicas fechadas e dito que sabia que a aplicação do pozinho não estava regulamentada.
O mais triste de tudo isso é saber que enquanto charlatões continuam à solta, grandes médicos, pesquisadores das maiores universidades do país não podem fazer uso de seus conhecimentos.
Diversos protocolos submetidos à CONEP - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (colegiado que aprova estudos envolvendo seres humanos) estão sendo indeferidos. E quem fica sem respostas e sem pesquisas são os inúmeros pacientes, das mais diversas patologias, degenerativas, incuráveis, perdendo a chance de observarem novas tentativas terapêuticas.
O tempo da ciência gira num compasso diferente do tempo da doença, mas o que fazer se a comissão que pode tentar acertar esses relógios parece tentar deixar tudo ainda mais distante?
A morosidade e o indeferimento só depõe contra aquilo que o colegiado diz querer preservar, o sujeito de pesquisa, o paciente. Mas o paciente aguarda a chance de tentar, não sendo cobrado por isso, não com pozinho mágico; mas diante de um protocolo rígido, descrito por profissionais sérios, com critérios claros de inclusão e exclusão, nos quais se estuda primeiro a segurança do método, depois sua eficácia.
A Conep está, afinal, preservando a dignidade do sujeito de pesquisa? Será que está realmente fazendo aquilo ao qual se propõe?
Denunciamos os que faziam tudo errado e o CFM dá o contra (contra nós, a população); depois a Conep indefere ou atrasa diversas solicitações; solicitações essas, em sua maioria, de pesquisadores atuantes em universidades públicas, sustentadas pelos governos federal e estadual, órgãos do poder público, assim como o Ministério da Saúde, assim como a Conep.
E perdidos nessa contradição toda estão os pacientes e seus familiares, esperando os relógios se inverterem, esperando a doença perder força e a saúde a ganhar.
Temos a tecnologia, temos os pesquisadores, temos também as doenças e os pacientes e a esperança de dar certo, temos a possibilidade quase ao alcance das mãos, só falta o aval da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
O Brasil terá o maior estudo clínico com células-tronco do mundo, para cardiopatia, talvez a atitude mais acertada dos últimos tempos. Mas existem dezenas de protocolos aguardando um parecer favorável; e milhares de pacientes torcendo por isso.
E diz a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, em seu Artigo 15, Compartilhamento de Benefícios: "Os benefícios resultantes de qualquer pesquisa científica e suas aplicações devem ser compartilhados com a sociedade como um todo e, no âmbito da comunidade internacional, em especial com países em desenvolvimento."
Aguardamos nós, sujeitos de pesquisa, a real humanização na saúde, aguardamos que a bioética chegue de fato até nós, que as comissões deliberem a favor dos protocolos solicitados, que a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa se afaste do pedestal e se aproxime dos leitos.
Queremos mais pesquisas clínicas em nosso país, queremos experimentos com células-tronco em humanos, precisamos tentar, não substimem mais nossa capacidade de decidir.
Andréa Bezerra de Albuquerque,Diretora Presidente da MOVITAE - A Favor da Vida
Luca Coscioni também se foi no início de 2006, não devido à distrofia muscular progressiva, como Welby, mas pela esclerose lateral amiotrófica, que é tambem uma doença neuromuscular, doença que ceifou seus movimentos mas não sua garra. Luca perdera a voz e assim como Welby só movia os olhos, mas por meio de um sintetizador vocal, discursava em favor da liberdade de pesquisa com células-tronco, ainda inexistente na Itália. Pude ouvi-lo discursar lindamente no Congresso pela Liberdade da Pesquisa Científica, realizado em Roma, promovido pela associação que leva seu nome.
Vendo jovens como Luca, acometidos por doenças degenerativas (Luca faleceu em fevereiro de 2006, aos 38 anos), valorizamos cada gesto concedido por termos saúde, cada palavra, cada vez que se respira sem auxílio, e cada passo da ciência em favor da vida com qualidade.
Por isso dia 02 de março de 2005 foi um dia histórico; durante meses, anos, inúmeras pessoas lutaram para que fossem aprovadas no Brasil as pesquisas com células-tronco embrionárias. E elas foram. Por meio da Lei de Biossegurança, desde meados de 2005 esses estudos são permitidos. Acredita-se que tais experimentos, que ainda estão em fase laboratorial, ou seja, em pesquisa básica, poderão trazer respostas e derivar em novos (futuros) tratamentos às mais diversas patologias.
Nosso dever é incentivar o trabalho desses pesquisadores e fazer com que tenham as ferramentas necessárias para fazê-lo. De todo modo existem estudos que já estavam sendo feitos, que não estão diretamente atrelados à Lei de Biossegurança, são as pesquisas com células-tronco adultas, oriundas por exemplo da medula óssea.
Distantes de um compromisso ético e aproveitando a onda de notícias sobre as possibilidades das células-tronco, charlatões atuavam e lucravam comercializando (e aplicando) um pozinho, que de acordo com eles, eram células liofilizadas.
Poucos dias depois da morte do ex-maratonista italiano, Luca Coscioni, foi ao ar no Jornal Nacional a reportagem denunciando a quadrilha que dizia aplicar o tal pozinho, as tais células-tronco liofilizadas, esses médicos cobravam por algo que não funciona, nem sequer é aceito pela comunidade médica, a ganância desta quadrilha somada ao desespero de pacientes foi o que bastou para encherem os bolsos de dinheiro.
Aqui em São Paulo o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) suspendeu preventivamente a licença médica, mas o Conselho Federal de Medicina entendeu que um desses médicos pode continuar exercendo a medicina, mesmo depois de ter tido suas duas clínicas fechadas e dito que sabia que a aplicação do pozinho não estava regulamentada.
O mais triste de tudo isso é saber que enquanto charlatões continuam à solta, grandes médicos, pesquisadores das maiores universidades do país não podem fazer uso de seus conhecimentos.
Diversos protocolos submetidos à CONEP - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (colegiado que aprova estudos envolvendo seres humanos) estão sendo indeferidos. E quem fica sem respostas e sem pesquisas são os inúmeros pacientes, das mais diversas patologias, degenerativas, incuráveis, perdendo a chance de observarem novas tentativas terapêuticas.
O tempo da ciência gira num compasso diferente do tempo da doença, mas o que fazer se a comissão que pode tentar acertar esses relógios parece tentar deixar tudo ainda mais distante?
A morosidade e o indeferimento só depõe contra aquilo que o colegiado diz querer preservar, o sujeito de pesquisa, o paciente. Mas o paciente aguarda a chance de tentar, não sendo cobrado por isso, não com pozinho mágico; mas diante de um protocolo rígido, descrito por profissionais sérios, com critérios claros de inclusão e exclusão, nos quais se estuda primeiro a segurança do método, depois sua eficácia.
A Conep está, afinal, preservando a dignidade do sujeito de pesquisa? Será que está realmente fazendo aquilo ao qual se propõe?
Denunciamos os que faziam tudo errado e o CFM dá o contra (contra nós, a população); depois a Conep indefere ou atrasa diversas solicitações; solicitações essas, em sua maioria, de pesquisadores atuantes em universidades públicas, sustentadas pelos governos federal e estadual, órgãos do poder público, assim como o Ministério da Saúde, assim como a Conep.
E perdidos nessa contradição toda estão os pacientes e seus familiares, esperando os relógios se inverterem, esperando a doença perder força e a saúde a ganhar.
Temos a tecnologia, temos os pesquisadores, temos também as doenças e os pacientes e a esperança de dar certo, temos a possibilidade quase ao alcance das mãos, só falta o aval da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
O Brasil terá o maior estudo clínico com células-tronco do mundo, para cardiopatia, talvez a atitude mais acertada dos últimos tempos. Mas existem dezenas de protocolos aguardando um parecer favorável; e milhares de pacientes torcendo por isso.
E diz a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, em seu Artigo 15, Compartilhamento de Benefícios: "Os benefícios resultantes de qualquer pesquisa científica e suas aplicações devem ser compartilhados com a sociedade como um todo e, no âmbito da comunidade internacional, em especial com países em desenvolvimento."
Aguardamos nós, sujeitos de pesquisa, a real humanização na saúde, aguardamos que a bioética chegue de fato até nós, que as comissões deliberem a favor dos protocolos solicitados, que a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa se afaste do pedestal e se aproxime dos leitos.
Queremos mais pesquisas clínicas em nosso país, queremos experimentos com células-tronco em humanos, precisamos tentar, não substimem mais nossa capacidade de decidir.
Andréa Bezerra de Albuquerque,Diretora Presidente da MOVITAE - A Favor da Vida
Células-tronco : O Brasil a um passo da criação de órgãos em laboratório Projeto de Lei de Biossegurança deixa de fora assuntos fundamentais para a saúde pública.
Por Karla Bernardo
O especialista Radovan Borojevic afirma: O projeto de Lei de Biossegurança não deve proibir os avanços da ciência.
Enquanto o mundo assiste a conquista de cientistas coreanos que conseguiram produzir pela primeira vez células-tronco embrionárias a partir de um embrião clonado com a finalidade terapêutica, no Brasil assistimos a um momento não menos importante, estamos acompanhando a tramitação do Projeto de Lei de Biossegurança, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e agora segue para o Senado. Por enquanto muita coisa importante ficou de fora, como a liberação das pesquisas de clonagem humana para fins terapêuticos, a liberação da manipulação de material embrionário humano e a permissão para a doação de embriões congelados para pesquisa, o que torna o texto do Projeto de Lei muito limitado. O único consenso entre cientistas, políticos e igreja é a proibição da clonagem humana para fins reprodutivos.
Na opinião do especialista Radovan Borojevic, diretor do programa avançado de Biologia Celular Aplicada a medicina da UFRJ, uma lei eficiente é a que não proíbe os avanços da ciência e que consegue de forma clara determinar uma eficiente fiscalização para evitar excessos “É preciso evitar experiências de fundo de quintal e ao mesmo tempo dar infra-estrutura para os cientistas”,afirma, o que concorda a Coordenadora do Centro de estudos do Genoma Humano(USP), Mayana Zatz “Antes da votação do texto final é fundamental que os parlamentares entendam que a terapia celular com células-tronco, incluindo as embrionárias, podem representar a esperança de tratamento para milhões de pessoas”, destaca.
Atualmente cerca de 5 milhões de brasileiros sofrem com doenças genéticas. As mais conhecidas do grande público são diabetes, Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson. Segundo Radovan Borojevic, a terapia com células-tronco tem o potencial de cura destas e de muitas outras doenças: ”Pode-se utilizar células-tronco embrionárias para corrigir um organismo geneticamente defeituoso.Ao implantar estas células embrionárias dentro do organismo (após manipulação em laboratório), potencialmente elas terão capacidade de se diferenciar em outras células e terão a capacidade de promover uma regeneração por que elas não vão ter o defeito genético que o resto do organismo tem”, explica, afirmando que com a utilização das células-tronco embrionárias será possível criar órgãos sadios e eliminar a necessidade de transplantes, acabando com o sofrimento das longas filas de pacientes que aguardam e muitas vezes morrem esperando a doação de órgãos.
Esta é a questão-chave quando se fala de terapia com células-tronco e células-tronco embrionárias. Segundo Radovan Borojevic, a vantagem da utilização das células-tronco embrionárias é a grande capacidade de proliferação, já que o embrião é o início da vida . Elas são praticamente ilimitadas.”Todas as nossas outras células contabilizam o tempo. Células de uma pessoa de 20 anos são diferentes de células de uma pessoa de 60. Todas as células tem esta propriedade de envelhecimento e todas se esgotam com 100 anos. Este é o limite de vida biológico do ser humano”, ensina .Células retiradas da medula óssea (que formam o sangue) são células-tronco, mas são limitadas já que elas possuem a idade do indivíduo e não são capazes de se diferenciar em todos os tipos de tecido, daí o interesse pela liberação do uso de células-tronco embrionárias.
"É fundamental que os parlamentares entendam que a terapia celular com células-tronco, incluindo as embrionárias, podem representar a esperança de tratamento para milhões de pessoas". Mayana Zatz
Uma outra fonte importante de células-tronco é o sangue do cordão umbilical e da placenta. “Células do cordão umbilical são equivalentes a da medula óssea, com a vantagem única de que são células de um feto, portanto, novas. Durante a vida fetal, grande parte destas células crescem no fígado do feto, no momento do parto elas migram do fígado para a medula óssea. No parto uma parte do sangue do feto está dentro da placenta e pode-se guardar estas células através de congelamento”.Esta prática pode ser fundamental no caso do indivíduo desenvolver uma leucemia, por exemplo.As células sadias congeladas podem ser utilizadas eliminado a necessidade de um doador compatível. A apresentadora do Jornal do Rio, da Tv Bandeirantes, Aline Pacheco, optou por congelar as células do cordão umbilical no nascimento de sua filha , Maria Antônia, em 2001 “ Quando soube desta possibilidade me senti na obrigação de tomar esta precaução pela minha filha. Nós gastamos tanto dinheiro com uma série de bobagens para os filhos e muitas pessoas deixam de congelar o sangue do cordão por que acham caro” , lamenta . Para ela, o fato de sua filha ter o recurso de poder utilizar as próprias células para a cura de uma doença não tem preço. Esta também é a opinião de Radovan Borojevic “A probabilidade de se precisar é de duas em 1000, porém, temos que considerar que as famílias estão ficando cada vez menores, o que reduz a possibilidade de se ter um doador compatível no caso do desenvolvimento de uma doença.Na França, onde a saúde é toda paga pelo Estado, é recomendado o congelamento das células do cordão umbilical, principalmente para famílias com pré-disposições a defeitos genéticos como filhos de combatentes por exemplo”, afirma.
“ Quando soube da possibilidade de congelar as células do cordão umbilical me senti na obrigação de tomar esta precaução pela minha filha” Aline Pacheco .
Resultados práticos da terapia com células-tronco no Brasil
As experiências com a utilização de células-tronco no Brasil já estão apresentando resultados práticos satisfatórios. Vários grupos já desenvolveram a terapia celular em caráter experimental principalmente em pacientes cardíacos e pacientes com queimaduras graves.
No caso do tratamento de problemas cardíacos em pacientes que já não respondiam ás terapias tradicionais, as células-tronco são retiradas da medula óssea e são injetadas no coração do paciente. Estas células vão se diferenciar no tipo celular necessário.Em dezembro de 2001 quatro pacientes do Hospital Pró Cardíaco,no Rio de Janeiro,foram submetidos ao tratamento desenvolvido pela UFRJ e hoje eles já não precisam tomar remédios, desapareceram os sinais clínicos anteriores. Quando o caso é mais grave e o paciente necessita de um transplante de coração, o procedimento é diferente: Retiram-se células da medula óssea da bacia do paciente.As mais imaturas são extraídas(células-tronco). Elas são levadas para o Hospital Universitário do Fundão,no Rio de Janeiro, onde são processadas(manipuladas).Ao mesmo tempo outra equipe faz um mapa do coração do paciente através de um cateter introduzido na virilha para saber exatamente onde é a lesão. Em seguida através de um sistema também via cateter é introduzida uma micro injeção que contém um conjunto de células que vão atuar dando origem a artérias ou ajudando a recuperar o movimento do músculo cardíaco enfraquecido, por exemplo.Este procedimento dura apenas um dia e 24 horas depois da intervenção o paciente tem alta.”Uma das principais vantagens deste tipo de terapia é que ela é pouco invasiva”, explica Radovan.
Para ele, cabe ao médico definir até que ponto a terapia celular é indicada:
-Cada paciente possui um histórico. A terapia pode ser utilizada como um tratamento complementar. Tem que ser avaliada frente a outras terapias. Só pode ser utilizada se for a melhor possibilidade para o paciente,explica.
No caso dos pacientes com queimaduras graves, as células-tronco são retiradas e levadas para o laboratório onde são manipuladas e preparadas para serem implantadas.Segundo Radovan, cartilagens e mucosas que sofreram traumatismos graves que não conseguem se regenerar também podem ser tratadas com células-troco.
Para Radovan Borojevic, uma das principais barreiras na área da pesquisa é a falta de verba para equipar os hospitais públicos: ”O Brasil sempre ofereceu uma educação superior muito boa. Formamos excelentes cientistas. Os alunos que vão fazer cursos lá fora são muito elogiados. O problema é a infra-estrutura deficiente nos hospitais universitários no Brasil. Mesmo comparando com a Argentina, um país que também apresenta problemas econômicos, o Brasil fica atrás. O ensino público no Brasil terá que ter um incremento muito grande. Investimento em cabeças é a longo prazo, mas o retorno é garantido”, afirma.
Em um país como o Brasil, que apresenta uma enorme demanda por alternativas de saúde pública é necessário que o esforço dos cientistas na área de células-tronco não seja desperdiçado. Segundo Maria Helena Lino, advogada e gerente do Projeto Ghente, com o avanço nas pesquisas científicas e principalmente conhecendo os enormes benefícios da utilização de células-tronco, a sociedade vai sair perdendo se o Projeto de Lei de Biossegurança for aprovado com o texto atual. “É importante que a sociedade interfira no processo legislativo e exija seus direitos como usuários de serviços de saúde”, conclui.
2004: Cirurgia experimental no Hospital de Cardiologia de Laranjeiras.
O Hospital de Cardiologia de Laranjeiras através da médica Helena Martino, chefe da unidade de Miocardiopatia do Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras, promoverá um experimento este ano com pacientes cardíacos. Serão selecionados 30 pacientes para o experimento. Quinze receberão o transplante de células diretamente no músculo cardíaco. Os demais receberão as células-tronco através das coronárias. A médica espera já ter os resultados dois meses após a realização da experiência. O projeto ainda aguarda aprovação do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, órgão do governo federal, mas a expectativa é que ainda este ano o experimento seja realizado.
Por Karla Bernardo
O especialista Radovan Borojevic afirma: O projeto de Lei de Biossegurança não deve proibir os avanços da ciência.
Enquanto o mundo assiste a conquista de cientistas coreanos que conseguiram produzir pela primeira vez células-tronco embrionárias a partir de um embrião clonado com a finalidade terapêutica, no Brasil assistimos a um momento não menos importante, estamos acompanhando a tramitação do Projeto de Lei de Biossegurança, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e agora segue para o Senado. Por enquanto muita coisa importante ficou de fora, como a liberação das pesquisas de clonagem humana para fins terapêuticos, a liberação da manipulação de material embrionário humano e a permissão para a doação de embriões congelados para pesquisa, o que torna o texto do Projeto de Lei muito limitado. O único consenso entre cientistas, políticos e igreja é a proibição da clonagem humana para fins reprodutivos.
Na opinião do especialista Radovan Borojevic, diretor do programa avançado de Biologia Celular Aplicada a medicina da UFRJ, uma lei eficiente é a que não proíbe os avanços da ciência e que consegue de forma clara determinar uma eficiente fiscalização para evitar excessos “É preciso evitar experiências de fundo de quintal e ao mesmo tempo dar infra-estrutura para os cientistas”,afirma, o que concorda a Coordenadora do Centro de estudos do Genoma Humano(USP), Mayana Zatz “Antes da votação do texto final é fundamental que os parlamentares entendam que a terapia celular com células-tronco, incluindo as embrionárias, podem representar a esperança de tratamento para milhões de pessoas”, destaca.
Atualmente cerca de 5 milhões de brasileiros sofrem com doenças genéticas. As mais conhecidas do grande público são diabetes, Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson. Segundo Radovan Borojevic, a terapia com células-tronco tem o potencial de cura destas e de muitas outras doenças: ”Pode-se utilizar células-tronco embrionárias para corrigir um organismo geneticamente defeituoso.Ao implantar estas células embrionárias dentro do organismo (após manipulação em laboratório), potencialmente elas terão capacidade de se diferenciar em outras células e terão a capacidade de promover uma regeneração por que elas não vão ter o defeito genético que o resto do organismo tem”, explica, afirmando que com a utilização das células-tronco embrionárias será possível criar órgãos sadios e eliminar a necessidade de transplantes, acabando com o sofrimento das longas filas de pacientes que aguardam e muitas vezes morrem esperando a doação de órgãos.
Esta é a questão-chave quando se fala de terapia com células-tronco e células-tronco embrionárias. Segundo Radovan Borojevic, a vantagem da utilização das células-tronco embrionárias é a grande capacidade de proliferação, já que o embrião é o início da vida . Elas são praticamente ilimitadas.”Todas as nossas outras células contabilizam o tempo. Células de uma pessoa de 20 anos são diferentes de células de uma pessoa de 60. Todas as células tem esta propriedade de envelhecimento e todas se esgotam com 100 anos. Este é o limite de vida biológico do ser humano”, ensina .Células retiradas da medula óssea (que formam o sangue) são células-tronco, mas são limitadas já que elas possuem a idade do indivíduo e não são capazes de se diferenciar em todos os tipos de tecido, daí o interesse pela liberação do uso de células-tronco embrionárias.
"É fundamental que os parlamentares entendam que a terapia celular com células-tronco, incluindo as embrionárias, podem representar a esperança de tratamento para milhões de pessoas". Mayana Zatz
Uma outra fonte importante de células-tronco é o sangue do cordão umbilical e da placenta. “Células do cordão umbilical são equivalentes a da medula óssea, com a vantagem única de que são células de um feto, portanto, novas. Durante a vida fetal, grande parte destas células crescem no fígado do feto, no momento do parto elas migram do fígado para a medula óssea. No parto uma parte do sangue do feto está dentro da placenta e pode-se guardar estas células através de congelamento”.Esta prática pode ser fundamental no caso do indivíduo desenvolver uma leucemia, por exemplo.As células sadias congeladas podem ser utilizadas eliminado a necessidade de um doador compatível. A apresentadora do Jornal do Rio, da Tv Bandeirantes, Aline Pacheco, optou por congelar as células do cordão umbilical no nascimento de sua filha , Maria Antônia, em 2001 “ Quando soube desta possibilidade me senti na obrigação de tomar esta precaução pela minha filha. Nós gastamos tanto dinheiro com uma série de bobagens para os filhos e muitas pessoas deixam de congelar o sangue do cordão por que acham caro” , lamenta . Para ela, o fato de sua filha ter o recurso de poder utilizar as próprias células para a cura de uma doença não tem preço. Esta também é a opinião de Radovan Borojevic “A probabilidade de se precisar é de duas em 1000, porém, temos que considerar que as famílias estão ficando cada vez menores, o que reduz a possibilidade de se ter um doador compatível no caso do desenvolvimento de uma doença.Na França, onde a saúde é toda paga pelo Estado, é recomendado o congelamento das células do cordão umbilical, principalmente para famílias com pré-disposições a defeitos genéticos como filhos de combatentes por exemplo”, afirma.
“ Quando soube da possibilidade de congelar as células do cordão umbilical me senti na obrigação de tomar esta precaução pela minha filha” Aline Pacheco .
Resultados práticos da terapia com células-tronco no Brasil
As experiências com a utilização de células-tronco no Brasil já estão apresentando resultados práticos satisfatórios. Vários grupos já desenvolveram a terapia celular em caráter experimental principalmente em pacientes cardíacos e pacientes com queimaduras graves.
No caso do tratamento de problemas cardíacos em pacientes que já não respondiam ás terapias tradicionais, as células-tronco são retiradas da medula óssea e são injetadas no coração do paciente. Estas células vão se diferenciar no tipo celular necessário.Em dezembro de 2001 quatro pacientes do Hospital Pró Cardíaco,no Rio de Janeiro,foram submetidos ao tratamento desenvolvido pela UFRJ e hoje eles já não precisam tomar remédios, desapareceram os sinais clínicos anteriores. Quando o caso é mais grave e o paciente necessita de um transplante de coração, o procedimento é diferente: Retiram-se células da medula óssea da bacia do paciente.As mais imaturas são extraídas(células-tronco). Elas são levadas para o Hospital Universitário do Fundão,no Rio de Janeiro, onde são processadas(manipuladas).Ao mesmo tempo outra equipe faz um mapa do coração do paciente através de um cateter introduzido na virilha para saber exatamente onde é a lesão. Em seguida através de um sistema também via cateter é introduzida uma micro injeção que contém um conjunto de células que vão atuar dando origem a artérias ou ajudando a recuperar o movimento do músculo cardíaco enfraquecido, por exemplo.Este procedimento dura apenas um dia e 24 horas depois da intervenção o paciente tem alta.”Uma das principais vantagens deste tipo de terapia é que ela é pouco invasiva”, explica Radovan.
Para ele, cabe ao médico definir até que ponto a terapia celular é indicada:
-Cada paciente possui um histórico. A terapia pode ser utilizada como um tratamento complementar. Tem que ser avaliada frente a outras terapias. Só pode ser utilizada se for a melhor possibilidade para o paciente,explica.
No caso dos pacientes com queimaduras graves, as células-tronco são retiradas e levadas para o laboratório onde são manipuladas e preparadas para serem implantadas.Segundo Radovan, cartilagens e mucosas que sofreram traumatismos graves que não conseguem se regenerar também podem ser tratadas com células-troco.
Para Radovan Borojevic, uma das principais barreiras na área da pesquisa é a falta de verba para equipar os hospitais públicos: ”O Brasil sempre ofereceu uma educação superior muito boa. Formamos excelentes cientistas. Os alunos que vão fazer cursos lá fora são muito elogiados. O problema é a infra-estrutura deficiente nos hospitais universitários no Brasil. Mesmo comparando com a Argentina, um país que também apresenta problemas econômicos, o Brasil fica atrás. O ensino público no Brasil terá que ter um incremento muito grande. Investimento em cabeças é a longo prazo, mas o retorno é garantido”, afirma.
Em um país como o Brasil, que apresenta uma enorme demanda por alternativas de saúde pública é necessário que o esforço dos cientistas na área de células-tronco não seja desperdiçado. Segundo Maria Helena Lino, advogada e gerente do Projeto Ghente, com o avanço nas pesquisas científicas e principalmente conhecendo os enormes benefícios da utilização de células-tronco, a sociedade vai sair perdendo se o Projeto de Lei de Biossegurança for aprovado com o texto atual. “É importante que a sociedade interfira no processo legislativo e exija seus direitos como usuários de serviços de saúde”, conclui.
2004: Cirurgia experimental no Hospital de Cardiologia de Laranjeiras.
O Hospital de Cardiologia de Laranjeiras através da médica Helena Martino, chefe da unidade de Miocardiopatia do Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras, promoverá um experimento este ano com pacientes cardíacos. Serão selecionados 30 pacientes para o experimento. Quinze receberão o transplante de células diretamente no músculo cardíaco. Os demais receberão as células-tronco através das coronárias. A médica espera já ter os resultados dois meses após a realização da experiência. O projeto ainda aguarda aprovação do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, órgão do governo federal, mas a expectativa é que ainda este ano o experimento seja realizado.
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